Gazeta dos Tribunaes

Descripción

Um periódico jurídico com esse título não era uma novidade nem uma exclusividade brasileira, se considerarmos a pioneira Gazette des Tribunaux, lançada em Paris em 1786, a Gaceta de los Tribunales de Madri de 1834 e a chilena de mesmo nome de 1841, ou ainda, de forma talvez mais evidente, a homônima Gazeta dos Tribunaes de Lisboa, também de 1841. Desta última, a versão brasileira chegou a reproduzir diversos artigos.
No Brasil, todavia, no ano de 1843, todavia, constituía uma verdadeira novidade no cenário da imprensa periódica nacional — a ponto de ser considerada por muitos como a primeira “revista jurídica” do país (Formiga, 2010; Silveira, 2014). Com periodicidade bissemanal (às terças e sextas-feiras), seu objetivo declarado era o de dar publicidade aos atos da justiça, considerada “a melhor garantia social, que mais contribui para que...
Metadatos

Título

Gazeta dos Tribunaes

Otros títulos

Gazeta dos tribunaes, dos juizos e factos judiciales, do foro e da jurisprudencia

Fecha de inicio

1843

Fecha de cese

1846

Localidad de publicación

Río de Janeiro

País

Brasil

Tipografía

Typographia Imparcial de Francisco Paula Brito

Periodicidad

Bissemanal

Director

O titular da tipografia responsável pela impressão do periódico, Francisco de Paula Brito, apresentava-se também como o seu editor-proprietário.

Colaboradores

O manifesto inaugural do primeiro exemplar foi subscrito sob a designação anônima e coletiva de «Os Redactores». Na mesma edição, todavia, uma carta do conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, Francisco Alberto Teixeira de Aragão, comunicava seu aceite ao convite para atuar como colaborador fixo, função que exerceria até o encerramento da publicação, em 1846 (v. 4, n. 379, 29/12/1846). Seu afastamento foi apontado, inclusive, como uma das razões para a suspensão da publicação no fascículo derradeiro. A partir do nono número, o renomado jurisconsulto Augusto Teixeira de Freitas também assume a função de «redactor e consultor de opinião». Os demais «redactores», via de regra, não assinavam os textos nem as compilações de extratos de sentenças, limitando-se a identificá-los com siglas ao final da página ou deixando-os inteiramente anônimos. Ainda assim, é possível encontrar artigos assinados por Diogo Soares da Silva Bivar, João Manuel Pereira da Silva, Francisco Ignacio de Carvalho Moreira, José Maria Frederico de Sousa Pinto, João de Sousa Santos Ferreira e António Paulino Limpo de Abreu.

Contenido

Um periódico jurídico com esse título não era uma novidade nem uma exclusividade brasileira, se considerarmos a pioneira Gazette des Tribunaux, lançada em Paris em 1786, a Gaceta de los Tribunales de Madri de 1834 e a chilena de mesmo nome de 1841, ou ainda, de forma talvez mais evidente, a homônima Gazeta dos Tribunaes de Lisboa, também de 1841. Desta última, a versão brasileira chegou a reproduzir diversos artigos.
No Brasil, todavia, no ano de 1843, todavia, constituía uma verdadeira novidade no cenário da imprensa periódica nacional — a ponto de ser considerada por muitos como a primeira “revista jurídica” do país (Formiga, 2010; Silveira, 2014). Com periodicidade bissemanal (às terças e sextas-feiras), seu objetivo declarado era o de dar publicidade aos atos da justiça, considerada “a melhor garantia social, que mais contribui para que o povo se habitue a tomar interesse nos resultados das discussões e trabalhos judiciários; e para que, ainda os menos instruídos, conheçam por si a maneira como se lhes administra sua vida, honra e fazenda” (v. 1, n. 1, 10/1/1843).
Ao todo, a iniciativa reuniu 379 fascículos, contendo uma ampla variedade de materiais: a parte oficial do Jornal do Commercio, com a legislação geral do Império e os atos do Poder Executivo; acórdãos, sentenças e despachos dos diversos tribunais — cíveis, criminais, eclesiásticos e militares — da Corte (e, eventualmente, de outras províncias); estatísticas processuais e o andamento dos processos; dúvidas e omissões das autoridades judiciais; crônica dos fatos e dos documentos legislativos mais relevantes na administração da justiça; anúncios, avisos e editais que dissessem respeito ao foro (dias de audiência, leilões judiciais, convocações de jurados, estabelecimentos de sociedades, falências e convocações de credores); nomeações, aposentadorias, mudanças de domicílio, local das audiências e demais alterações relativas a magistrados, advogados, tabeliães, escrivães; notícias de tribunais estrangeiros, anúncios de novas publicações jurídicas e, “em geral, tudo quanto possa mais ou menos interessar à boa administração da justiça”.
A maior parte do conteúdo consistia, de fato, em sínteses breves das sessões judiciais ou em elencos de estatísticas processuais, geralmente desprovidos de comentários críticos. A predominância desse material, assim como a promessa inicial de que a produção judicial seria publicada “sem que se admitam análises sobre os julgados definitivos”, não impediu, no entanto, que a Gazeta acolhesse uma série de debates doutrinários.
Mesmo na ausência de uma seção dedicada exclusivamente à doutrina, publicaram-se pareceres e artigos de análise — às vezes em destaque na primeira página e com continuidade nos números seguintes; outras vezes relegados à seção “Variedades” ao fim da edição; algumas vezes solicitados pelos próprios redatores, outras enviados espontaneamente por colaboradores externos.
Temas sensíveis como a necessidade de um Código Comercial (aprovado apenas sete anos depois) ou a criação de uma associação de advogados (fundada naquele mesmo ano) já figuravam entre as prioridades da redação desde o manifesto inaugural. E logo nas primeiras semanas de circulação, abriria-se um fórum sobre a reforma do Código de Processo Criminal apresentada à Câmara dos Deputados — isso apesar do compromisso dos redatores em não “interferir em qualquer questão que pudesse influenciar, ainda que indiretamente, a política do Estado”.

Información adicional

Formato: 37x28 cm.

Materia

General
Legislación
Tribunales

Bibliografía

A. FORMIGA, Periodismo jurídico brasileiro do século XIX, Curitiba, Juruá, 2010, pp. 53-63; M. MORAES SILVEIRA, «Revistas jurídicas brasileiras: ‘cartografia histórica’ de um gênero de impressos (anos 1840-1940)», in Cadernos de Informação Jurídica, 1, 1 (2014), pp. 98-119.

Ejemplar consultado

Hemeroteca Digital Brasileira – Fundação Biblioteca Nacional

Continuada por

Nova Gazeta dos Tribunaes (1848-1851) / Gazeta dos Tribunaes – Jornal de Jurisprudência e Debates Judiciários (1852-1854)

Autoría

Marjorie Carvalho de Souza

Fecha

03/06/2025

Conjuntos de fichas